– Negócios? Tenho esperança numa sociedade onde não existam mais negócios.
Engravatados multimilionários de um dinheiro que não existe, que não possuem, que flui em um universo próprio – o cosmos do mercado financeiro – coordenado pela ganância do poder do seus grão-sacerdotes envaidecidos pelo orgulho do ter.
– Eu quero liberdade, mas não a que o dinheiro possibilita. Minha liberdade está além do dinheiro. Ela é irmã do tempo e da mobilidade.
Empresários escravos de si mesmos, diluem suas almas na subordinação sistêmica ao urgente, esquecem do que realmente é importante.
– Nunca há tempo para nada, não há ócio. Vive-se a negação do ócio. Mas ser ocioso é não estar subjugado pelo tempo, é abrir fendas para novos horizontes da plenitude e da felicidade.
– É o espaço das ideias. A fenda para tudo e qualquer coisa.
Vamos nos permitir ignorar o negócio? Um caminho para a ideia permanente?
Ideia permanente implica em criação permanente. Ócio como espaço da ideia onde cria e realiza.
Autopoiese.
Artepoiese.
– A arte é o horizonte de eventos da realização humana. Em nossa ontogenia social criou diferentes ritmos, melodias e harmonias, retroalimentado-se como um simbionte sustentável. É a conexão entre as pessoas. Afirmo que a arte estimula e configura a sociedade-em-rede.
– Na arte revela-se uma tríplice função. Primeiro, do pensar. A pessoa ociosa toma contato com a arte para aprender, mergulhando no imaginário simbólico que conecta conhecimentos. Segundo, do sentir. Mergulhando em sentimentos que revelam o potencial do coração e alma humanos. Terceiro, do querer. Que revela-se no ATO, na atitude, no movimento, no toque, na sensação física, no exercício da vontade, que nos coloca em conexão física com fluxos e redes.
Finalmente percebem que a arte é um portal aberto para fluxos que nos colocam em conexão com diferentes redes de pessoas.
There is a crack in everything. That’s how the light gets in.
O que nos surpreende em todas descobertas científicas, criações tecnológicas, avanços em qualquer área, não é o fato em si, mas o ATO ARTÍSTICO com que se reveste simbolicamente, nos dimensionando para uma realidade cujo fluxo é raramente percebido em consciência, seja mental, emocional ou fisicamente.
That’s how the light gets in.